As coisas que não existem são as mais bonitas

“As coisas que não existem são as mais bonitas”

(Felisdonio)

 

Manoel de Barros é realmente um gênio. Nesse mundo onde se espera cada vez mais coisas prontas e verdades absolutas, um poeta que possui títulos como o “O livro das ignorãças” e “Livro sobre o nada” nos ensina brilhantemente a arte e o dom de desconstruir, do livre pensamento, da libertação de convenções e imposições.  E também nos reensina a imaginar… Exercício que, por vezes, esquecemos de praticar com conseqüências enrijecedoras, digamos assim.

 

E, como “poesia é voar fora da asa”, escrevo uma das minhas para tentar dar conta dessa ampla gama de possibilidades, de tons e palavras que possuímos, mas que não usufruímos totalmente. Talvez, como me parece em certas ocasiões, por angústia pura…

 

Ambigüidade clássica

 

Qual o sentido das palavras?

Querem expressar-se

Dizer algo diretamente

Inocente

 

Parar com a multiplicação de sentidos

Ambíguos

Porque ditos ou escritos

 

Por que não falar o que quero dizer?

Preciso falar, contar, (me) achar

 

Cansei de procurar pela letra

Pela métrica perfeita

 

Quero causa e conseqüências únicas

A simplicidade

O desejo do sim

A qualquer possibilidade

 

Diante dessa impossibilidade

Eu me rendo

E nas tramas da linguagem

Vou crescendo, querendo

Felizmente, quase enlouquecendo…

~ por inteiramente em junho 12, 2008.

Uma resposta to “As coisas que não existem são as mais bonitas”

  1. pois eh, pois eh… grande Manuel de Barros… eu lembro que voce o adorava (ainda adora!). Ate hoje eu lembro que fui ver uma peca de teatro que fizeram, algo meio experimental, cujo texto era do Manuel e tinha uma musica morderna, tocada ao vivo… maneiro! Lembro que comecava: “Ontem choveu no futuro… “. E sobre a desconstrucao das palavras, algo que gostei muito tb foi uma frase do Fernando Pessoa, dizendo que as palavras existem para nos deixar expressar, e nao para que fiquemos amarrados a elas… “Oh, Universo! Eu sou-te!”. (me amarro!)
    ps: a poesia ficou otima !

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