As coisas que não existem são as mais bonitas
“As coisas que não existem são as mais bonitas”
(Felisdonio)
Manoel de Barros é realmente um gênio. Nesse mundo onde se espera cada vez mais coisas prontas e verdades absolutas, um poeta que possui títulos como o “O livro das ignorãças” e “Livro sobre o nada” nos ensina brilhantemente a arte e o dom de desconstruir, do livre pensamento, da libertação de convenções e imposições. E também nos reensina a imaginar… Exercício que, por vezes, esquecemos de praticar com conseqüências enrijecedoras, digamos assim.
E, como “poesia é voar fora da asa”, escrevo uma das minhas para tentar dar conta dessa ampla gama de possibilidades, de tons e palavras que possuímos, mas que não usufruímos totalmente. Talvez, como me parece em certas ocasiões, por angústia pura…
Ambigüidade clássica
Qual o sentido das palavras?
Querem expressar-se
Dizer algo diretamente
Inocente
Parar com a multiplicação de sentidos
Ambíguos
Porque ditos ou escritos
Por que não falar o que quero dizer?
Preciso falar, contar, (me) achar
Cansei de procurar pela letra
Pela métrica perfeita
Quero causa e conseqüências únicas
A simplicidade
O desejo do sim
A qualquer possibilidade
Diante dessa impossibilidade
Eu me rendo
E nas tramas da linguagem
Vou crescendo, querendo
Felizmente, quase enlouquecendo…
pois eh, pois eh… grande Manuel de Barros… eu lembro que voce o adorava (ainda adora!). Ate hoje eu lembro que fui ver uma peca de teatro que fizeram, algo meio experimental, cujo texto era do Manuel e tinha uma musica morderna, tocada ao vivo… maneiro! Lembro que comecava: “Ontem choveu no futuro… “. E sobre a desconstrucao das palavras, algo que gostei muito tb foi uma frase do Fernando Pessoa, dizendo que as palavras existem para nos deixar expressar, e nao para que fiquemos amarrados a elas… “Oh, Universo! Eu sou-te!”. (me amarro!)
ps: a poesia ficou otima !
michel said this on julho 5, 2008 às 2:26 am |